"O professor não ensina, mas arranja modos de a própria criança descobrir. Cria situações-problemas." Jean Piaget

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Desenvolvimento ao longo da infância e adoloscência

O desenvolvimento é um conceito que se refere ao conjunto de transformações do ser humano ao longo de toda a sua vida. É um processo complexo que se inicia no momento da concepção e termina com a morte, e em que estão envolvidos múltiplos factores: biológicos, cognitivos, motores, morais, emocionais, afectivos, sociais…



Desenvolvimento Motor


          O desenvolvimento motor é um processo de crescimento e mudança ao nível físico ao longo da vida. Em cada fase surgem características específicas, e cada criança pode atingir estas fases de desenvolvimento mais cedo ou mais tarde que outras da mesma idade.
           Os reflexos de um recém-nascido são involuntários, com respostas automáticas à estímulos.
            Regras gerais do desenvolvimento motor:
1º Progressão Céfalo-Caldal: Refere-se à progressão gradual do controle motor sobre a musculatura, a partir do centro do corpo para as suas partes mais distantes;
2º Progressão Proximodistal: Refere-se à progressão gradual do controle motor sobre a musculatura, movendo-se da cabeça em direcção aos pés;
Progressão de ação concentrada para específica: Parte da linha média do corpo para os membros inferiores e superiores.
Maturação Física na Adolescência


Problemas específicos das raparigas na adolescência
  • Reação à primaeira Menarca (Mestruação);
  • Desenvolvimento dos Seios;
  • Aparecimento dos primeiros pelos;
  • Acne (Borbulhas).

Problemas específicos dos rapazes na adolescência
  • Maturação Tardia;
  • Tamanho do Pénis;
  • Mudança no timbre vocal;
  • Pelos faciais;
  • Acne (Borbulhas).


Piaget e o  desenvolvimento Cognitivo


     Piaget é considerado o grande estudioso do desenvolvimento dos processos cognitivos do ser humano. A sua teoria permitiu que se acabasse com a concepção de que a adolescência da criança era semelhante à do adulto, existindo entre elas meras diferenças quantitativas.

          A teoria de Piaget é funcional/psicobiológica, porque acentua a adaptação do organismo ao meio e é estrutural/construtivista, porque realça a organização dos processos cognitivos.


          Piaget estudou o desenvolvimento cognitivo da criança e, segundo este autor, a inteligência constrói-se progressivamente ao longo do tempo, por estádios ou etapas constantes e sequenciais. Onde defende uma posição construtivista/interaccionista: as estruturas do pensamento são produto de uma construção contínua do sujeito que age e interage com o meio, tendo um papel activo no seu próprio desenvolvimento cognitivo.
          Partindo dos reflexos do bebé, herdados geneticamente, a criança vai construindo progressivamente estruturas mentais até atingir o pensamento formal, assim, a inteligência é perspectivada como uma adaptação do indivíduo e das suas estruturas cognitivas ao meio. Esta adaptação assegura o equilíbrio entre o indivíduo e o meio através de dois mecanismos: assimilação e acomodação.
          A adaptação é o processo interno de equilíbrio entre o organismo e o meio. Resulta da interacção entre a assimilação e a acomodação. É através da assimilação que o sujeito integra, incorpora os elementos do meio nas estruturas mentais já existentes. Por sua vez, as estruturas mentais modificam-se em função das situações novas/novos dados que provêm do meio – acomodação. Neste contexto, surge-nos também a equilibração, que é o mecanismo interno de regulação entre a assimilação e a acomodação que permite a adaptação do indivíduo ao meio, permitindo uma progressão no sentido de um pensamento cada vez mais complexo.

Tabela com os estádios de desenvolvimeto para uma melhor compreenção da teoria de Piaget 

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Estádios de desenvolvimento
v  Estruturas com características próprias;
v  Ordem de sucessão constante (embora possam existir diferenças cronológicas);
v  Evolução integrativa – as novas aquisições são integradas na estrutura anterior.
Estádio sensório-motor
(dos 0 aos 18/24 meses)
v  Inteligência prática que se aplica à resolução de problemas concretos e que põe em jogo as percepções e o movimento – daí a designação de sensório-motor.
v  Dos reflexos inatos à construção da imagem mental, anterior à linguagem;
v  Coordenação de meios e fins;
v  Permanência do Objecto (8-12 meses) – a criança procura um objecto escondido, porque tem a noção de que o objecto continua a existir mesmo quando não o vê;
v   Invenção de novos meios para resolver problemas, imagem mental (se ouve falar em pijama, avó, etc.) e formação de símbolos (18-24 meses);
Estádio pré-operatório
(dos 2 aos 7 anos)
Subestádio do pensamento pré-conceptual (2-4 anos)
v  Função simbólica – a criança passa a poder representar objectos ou acções por símbolos. Pode representar mentalmente objectos ou acções não presentes no campo perceptivo – imagem mental. Na linguagem as palavras representam pessoas, situações, etc. No jogo simbólico, faz-de-conta, a criança representa um conjunto de acções e os objectos são o que lhe apetecer (um pau é um cavalo ou um avião, ralha à boneca que se portou muito mal). No desenho desenha uma roda e diz que é um carro.
v  Egocentrismo – a criança (autocentrada) pensa que o mundo foi criado só para si e não compreende outras perspectivas;
v  Pensamento mágico:
v  Animismo – atribuição de emoções e pensamentos a objectos inanimados;
v  Realismo – a realidade é construída pela criança sem objectividade (se sonhou que o lobo está no corredor, pode ter medo de sair do quarto);
v  Finalismo – Dado o egocentrismo da criança as coisas têm como finalidade a própria criança (o monte é um declive para ela poder correr);
v  Artificialismo – explicação de fenómenos naturais como se fossem produzidos pelos seres humanos (o Sol foi acesso por um fósforo gigante).
v  Subestádio do pensamento intuitivo (4-7 anos)
v  Baseado na percepção dos dados sensoriais. A criança responde à questão que lhe é colocada com base na aparência.
v  O pensamento é irreversível
v  A criança pode classificar e seriar objectos por aproximações sucessivas, embora sem um lógica de conjunto
Estádio das operações concretas
(dos 7 aos 11/12 anos)
v  Reversibilidade mental (capacidade do pensamento voltar ao ponto de partida);
v  Pensamento lógico, acção sobre o real;
v  Operações mentais: contar, classificar, seriar;
v  Conservação da matéria sólida, líquida, peso, volume;
v  Conceitos de tempo e de espaço globais e de velocidade.
Estádio das operações formais
(dos 11/12 aos 15/16 anos)
v  Pensamento abstracto (as operações mentais não necessitam de apoiar-se no concreto para serem formuladas);
v  Operações formais, acção sobre o possível;
v  Raciocínio hipotético-dedutivo (o adolescente formula hipóteses e deduz conclusões; é capaz de resolver problemas a partir de enunciados verbais;
v  Definição de conceitos e de valores;
v  Egocentrismo cognitivo, que leva o adolescente a considerar que através do seu pensamento pode resolver todos os problemas e que as suas ideias são as mais correctas.

          As crianças quando ainda não desenvolveram a fala se comunicam através de gestos e emoções. Ao crescerem, passam a utilizar a linguagem verbal e racionaliza as ações, deixando de utilizar o imaginário. Para Piaget, o jogo era visto como próprio da infância e do universo da criança, independente do funcionamento da inteligência. Não elaborou uma teoria do jogo mas desenvolveu uma concepção da infância observando o comportamento lúdico infantil.

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