"O professor não ensina, mas arranja modos de a própria criança descobrir. Cria situações-problemas." Jean Piaget

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Freud e o desenvolvimento

FREUD EXPLICA

          O desenvolvimento da personalidade é explicado por Freud pela evolução da forma como o indivíduo, desde o nascimento, procura obter prazer – a sexualidade –, que na infância (sexualidade infantil) é sobretudo auto-erótica (dirigida a si mesma), e só a partir da adolescência passa a ser essencialmente voltada para os outros.
          Esta evolução permite definir estádios de desenvolvimento psicossexual, que se caracterizam pelo predomínio de uma zona erógena (região do corpo que, quando estimulada, dá prazer) e por conflitos psicossexuais entre a busca de prazer (pulsões sexuais/libido) e as forças que se lhe opõem (ódio, desespero, ausência de desejo, etc.) que vão condicionar o desenvolvimento das estruturas do aparelho psíquico (instâncias) e a relação dinâmica entre elas. A qualidade das experiências emocionais imprime uma direcção ao desenvolvimento da personalidade.
 
Freud propôs duas tópicas (teorias sobre a constituição do aparelho psíquico):

1ª Tópica: Inconsciente, Subconsciente e Consciente;

  •  Inconsciente - Zona do psiquismo constituída por pulsões, desejos de carácter afectivo-sexual, recordações recalcadas e cujo acesso ao consciente é impedido pela censura.
  • Subconsciente - Zona do psiquismo entre o consciente e o inconsciente constituída por conteúdos que podem ser trazidos à consciência.
  • Consciente - Zona do psiquismo que corresponde aos pensamentos, representações, sentimentos, percepções a que o sujeito tem acesso directo através da introspecção.

2ª Tópica: Superego (Supereu - normas sociais interiorizadas), Id (Infra-eu – fonte de pulsões) e Ego (Eu – mediador entre as pressões do Superego e do Id.)

  •  Id - Instância totalmente inconsciente do aparelho psíquico cujos conteúdos principais são as pulsões inatas (de carácter sexual e agressivo) e os desejos reprimidos; rege-se pelo princípio de prazer e pelo processo primário (procura imediata e sem reservas da satisfação e do prazer). É a moral e ilógico
  • Ego - Instância fundamentalmente consciente que se forma a partir do Id. Regulador e gestor das forças contraditórias entre Id (pulsões inconscientes) e Superego (exigências do meio). Tem preocupações lógicas, de coerência entre a força do id e os constrangimentos da realidade. Tenta ser moral; utiliza mecanismos de defesa; opõe-se ao id.
  • Superego - Instância do aparelho psíquico cujos conteúdos representam as normas, regras e interditos sociais, culturais e morais interiorizados.
    È o resultado da interiorização das imagens idealizadas dos pais e das regras sociais.
    É  base da consciência moral; regula os conflitos entre id e ego; é hipermoral.

Estádios

Estádio oral (até 1 ano)
  • A zona erógena é a boca (prazer em mamar, pôr objectos na boca…); com o desmame surge o conflito entre o que deseja e a realidade.
  • O Id (pulsões inatas) existe desde o nascimento. Começa a formar-se o Ego pela consciência das sensações corporais.
Estádio anal (1-3 anos)
  • A zona erógena é a região anal (prazer em controlar a retenção e expulsão das fezes); sentimentos ambivalentes – conflito – o controlo fecal induz dor e não só prazer e há um desejo de ceder e, em simultâneo, de se opor às pressões sociais para a higiene.
Estádio Fálico (3-5 anos)
  • A zona erógena é a região genital; a sexualidade deixa de ser exclusivamente auto-erótica e dirige-se aos pais, concretizada no Complexo de Édipo (atracção pelo progenitor do sexo oposto e agressividade perante o progenitor do mesmo sexo, visto como rival). Este conflito é ultrapassado quando a criança se identifica com o progenitor do mesmo sexo. As proibições e normas impostos no Complexo de Édipo são interiorizadas, dando origem à formação do Superego.
Estádio de Latência (6-11 anos)
  • Há uma diminuição da expressão da sexualidade, mas a problemática do Complexo de Édipo permanece oculta, sem se manifestar. É neste estádio que ocorre a amnésia infantil que se trata do processo pelo qual a criança reprime no inconsciente as experiências perturbadoras do estádio fálico. É uma forma de defesa. A criança concentra a sua energia nas aprendizagens escolares e sociais.
Estádio genital (a partir da adolescência)
  • A sexualidade passa a ser dirigida aos outros e à consumação do acto sexual. A problemática do Complexo de Édipo, latente na fase anterior, é reavivada e vai ser definitivamente resolvida pelo luto das imagens idealizadas dos pais.
  • Mecanismos de defesa: Ascetismo (negação do prazer, controlo das pulsões sexuais através de disciplina e isolamento) e Racionalização (o jovem procurar esconder os aspectos emocionais do processo adolescente, interessando-se por actividades do pensamento onde coloca toda a sua energia).



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